Pergunte aos seus avós se eles conheciam, quando eram mais novos, algum idoso com síndrome de Down. A resposta, pode apostar, é não. Sabe por quê? A expectativa de vida de alguém com trissomia 21, há algumas décadas, era muito baixa e raramente ultrapassava os 30 anos. O quadro, felizmente, não é mais o mesmo. Hoje, com os avanços da medicina, ela chega aos 62 anos.

É uma mudança muito importante, mas que requer alguns cuidados. A gente sabe que o processo de envelhecimento é um desafio para todos, mas, no caso de quem tem síndrome de Down, é preciso um olhar ainda mais atento. A parte cognitiva, que sofre impactos com a chegada dos anos, necessita de cuidados específicos.

“As pessoas com síndrome de Down têm maior risco de desenvolver Alzheimer, por exemplo. A partir dos 50 anos, a doença afeta 30% das pessoas com esta condição, enquanto, no resto da população, ela chega mais tarde e em proporção menor. Por isso, quem tem T21 precisa de estímulos cognitivos desde cedo”, diz o geriatra Marcelo Altona, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que coordena um projeto do Instituto Serendipidade que oferece acompanhamento médico gratuito a 60 pessoas com deficiência intelectual em São Paulo.

O geriatra recomenda que sempre se estimule o aprendizado e a execução de nova tarefas e atividades. A prática ajuda a manter o funcionamento do cérebro em dia, retardando quadros demenciais. Mas outras atitudes também podem contribuir para que o envelhecimento de pessoas com Down seja um processo menos atribulado. Entre os cuidados necessários está o controle de doenças como hipertensão e diabetes.

O médico chama a atenção também para a importância da prática de atividades físicas e para a inclusão de hortaliças, cereais integrais e oleaginosas no dia a dia. “Estes alimentos, assim como as carnes brancas, já se mostraram eficazes para prevenir o estresse oxidativo do rganismo, minimizando os danos que acontecem com o decorrer dos anos”, diz.

Além dos cuidados médicos, Altona ressalta que é fundamental prestar atenção também às demandas sociais e emocionais. Ele diz que o maior anseio das pessoas com deficiência intelectual tem sido por mais autonomia. Os pacientes querem namorar, ter independência financeira e morar sozinhos, algo que só é possível com a inclusão, que não era posta em prática na época em que os idosos com Down nasceram.

Se você conhece algum idoso com síndrome de Down, pense uma forma de contribuir para ajudá-lo a pôr em prática a autonomia que ele busca e merece!

📷 Adam Hughes / SWNS

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