Sonhos não têm idade
O sonho de ser mãe tem idade? Existe um tempo limite para o corpo da mulher gerar uma nova vida? A menopausa é, de fato, a linha final para a maternidade? Esses são alguns questionamentos feitos por mulheres que beiram os 40 anos e ainda nutrem a vontade de encarar uma gravidez.
Com o avanço da medicina, quem sonha em ser mãe tem uma gama de tratamentos e terapias que vão desde a reposição hormonal até o congelamento de óvulos. Mas, e quem tinha o sonho de ser mãe com mais de 40 anos, há 40 anos?
É o caso da dona Cely. Moradora de Niterói, no Rio de Janeiro, ela se casou com Luiz Carlos em 1962 e, desde então, tentou várias vezes engravidar, sem sucesso. Procurou médicos de diversas especialidades, que nunca descobriram o motivo, já que ela e o marido não enfrentavam restrições de saúde. O tempo foi passando, mas o sonho de gerar uma vida, não. Pelo contrário, só crescia.
Prestes a desistir de vez e já pensando em adotar uma criança, eis que a dona Cely recebeu a notícia que por anos insistia em não chegar: ela estava grávida. Aos 43 anos, em 1982. Sob o olhar desconfiado de todos à sua volta, ela contou a novidade apenas para pessoas próximas. Mais tarde, ao anunciar a notícia aos quatro cantos, ouviu de muitos que deveria se preparar para uma gravidez de risco – o que não aconteceu. Houve quem dissesse também que a criança teria problemas ou até mesmo nasceria morta. Detalhe: além da idade “avançada”, Cely e Luiz Carlos eram primos de primeiro grau.
Apesar do receio de muitos, em 20 de novembro de 1982 nasceu Frederico. Forte, saudável e com quase cinco quilos. Durante a infância, ele perdeu a conta de quantas vezes, na rua, achavam que dona Cely era sua avó (para aumentar ainda mais a suspeita, desde cedo ela tinha os cabelos grisalhos). Mas o pequeno Fred sempre bradava para todos ouvirem: “É a minha mãe”.
Hoje, com 82 anos, dona Cely é viúva e mora com seu único filho, que, prestes a chegar aos 40 anos, ainda não é pai. Dona Cely já disse, por muitas vezes, que deseja ser avó. Frederico é jornalista e noivo da Fernanda, que seguiu a mesma profissão. Ela tem 43 anos (baita coincidência), e ainda nutre o desejo da maternidade, da mesma forma que sua futura sogra quatro décadas atrás, No entanto, com uma medicina muito mais avançada à sua disposição.
Sonhos não morrem, nunca desista deles. Feliz Dia das Mães, em especial à minha. Sua persistência permitiu que eu estivesse aqui e escrevesse esse texto. Sim, eu sou o Frederico, filho da Dona Cely. Com muito orgulho e eternamente agradecido.
