Desde cedo, ensinamos às crianças que elas não devem xingar o amiguinho, falar palavrão… Elas logo percebem o poder das palavras: é através delas que podemos elogiar ou ofender alguém.
 
Segundo estimativas da ONU, há pelo menos 1 bilhão de pessoas no mundo com alguma deficiência. Quem as discrimina tem uma atitude capacitista, que é crime desde 2015. A Lei Brasileira de Inclusão prevê “pena de um a três anos de reclusão e multa, podendo a reclusão ter o seu período aumentado dependendo das condições em que o crime foi praticado”.
 
Na maioria das vezes, no entanto, deixamos de mostrar aos pequenos a importância da linguagem inclusiva. Elas crescem sem saber saber como se referir a pessoas com deficiência e, na vida adulta, empregam no dia a dia e no trabalho, por ignorância, ou, talvez até mesmo preconceito, palavras e expressões que deveriam ter sido banidas do vocabulário.
 
Por isso, é importante que todos nós conheçamos as terminologias que tratam a todos com o respeito que merecem. Você sabia que não se deve falar, por exemplo, deficiente? O termo correto, definido a partir da Convenção da ONU, em 2006, é pessoa com deficiência. A palavra portador é inadequada porque se refere a algo que se carrega e que, portanto, pode ser deixado de lado, o que não é o caso de deficiência, uma característica permanente.
 
Outro cuidado que devemos ter, ao escrever, é não usar a abreviação PCDs para os referirmos a pessoas com deficiência. As siglas desumanizam. Pense bem: você gostaria de ser chamado por três letrinhas? Pois é, a pessoa com deficiência também não.
 
É preciso também esquecer de uma vez por todas palavras que eram usadas até pouco tempo atrás, como doente, pessoa com problema, retardado. Você já pensou no quanto elas são ofensivas?
 
Mas como fazer se eu precisar me referir uma pessoa, detalhando suas características. É simples. Não chame um cego de cego. Ele tem deficiência visual, assim como outras pessoas tem auditiva. Outro aprendizado que todos devemos ter é nunca usar o contraponto “mas” ao elogiar uma pessoa com deficiência. Você vai dizer que nunca ouviu, ou mesmo disse, algo parecido com “ela tem síndrome de Down, mas mora sozinha” ou “ele tem deficiência visual, mas é um ótimo profissional”, como se as característica da pessoa a impedissem de viver sem ajuda ou trabalhar bem?
 
Outro erro comum é demonstrar sentimento de pena. A pessoa com deficiência é igualzinha a você, só tem algumas características diferentes, mas que não a definem. Também fuja da armadilha de achar que pessoas com deficiência são exemplos de superação quando elas fazem algo do dia a dia, como andar de transporte público. Ao receberem esta conotação de heroísmo, sem estarem fazendo nada de diferente, não são vistas como pessoas capazes de terem autonomia.
 
Muita gente já combate o racismo, o machismo e a LGBTQIA+fobia, mas o preconceito contra pessoas com deficiência muitas vezes não merece a atenção que deveria. Isso precisa mudar.
 
Com pequenas mudanças você pode fazer a sua parte por um mundo melhor. O que você está esperando?
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